Não sei se descrevo bem o que sinto, e muito menos se sinto o que descrevo.
Sei quando sou tudo e sei quando sou só a metade do que poderia ter sido.
Meus pensamentos vão a lugares em que eu não gostaria de estar, eles vão onde meu coração gostaria, em momentos em que nos dividimos, e nos tornamos um corpo vazio e um coração independente.
Ando por ai procurando motivos para tudo, tentando esconder meus medos e não me limitar. Ando tentando ser diferente, tentando ser convincente, tentando ser mais normal possível, ser o que não me é permitido, o que não é conveniente.
Faço cálculos de tudo, atraso momentos urgentes, e adio o inevitável.
Sou um baú de defeitos em busca de uma moeda de qualidade.
O que dizem ao meu respeito não costuma alterar muita coisa, não costuma doer lá dentro, alguns não chegam nem a tocar, já me vacinei e me protegi contra palavras duras, que não sejam as minhas.
Escrevo porque sei que só assim não me enlouqueço, porque escrevendo transbordo de confusão, me entendo, me aceito, me torno o que estou dizendo.
Amanda Vieira