domingo, 14 de novembro de 2010

Peneira


Ela era uma mente cheia e um coração aparentemente vazio. Nada adiantava nada funcionava nada ali parava. Acontece que ele tinha um defeito, suas feridas não eram cicatrizadas, nem depois nem nunca.

Esquecer ela esquecia, mais os buracos ali ficavam, e era por ele que sentimentos vazavam como água numa peneira, por mais que a intenção fosse à das melhores, parecia ser da sua natureza ser assim.

Não era comum ouvir dizer que ela chorou, extravasou e se entregou. Porque em todas as situações independente do seu humor e estado de espírito ela estava sempre sem se abalar, com seus pés colados no chão.

Era pura e recatada. Para quem a visse de fora era como um anjo, uma imagem esculpida a mão. Vivia sua vida em busca de um destino, apesar deste já ter lhe sido apresentado, não parecia se agradar. Estava sempre tampando os buracos de seu coração com as mãos, não deixando transparecer o inevitável, tentando adiar o que um dia descobririam.

Fazia-se feliz com o pouco e não sabia distinguir o que era muito, na maioria das vezes era apenas bom. Acreditava em muitas coisas impossíveis varias vezes no dia, e desacreditava do que todo mundo costumava acreditar, não por ser comum, e sim incoerente, palavra da qual ela sabia muito entender e conviver. Desconhecia suas qualidades e até parecia modéstia, mas de seus defeitos ela sabia como ninguém, e os tratava como vizinhos que sempre chegam a nossa casa em horários inoportunos.

Passava mistério a quem quer que encontrasse, e admirava a coragem de quem se dispusesse a conhece-la.

Ela seus guarda segredos a sete chaves na mesma gavetinha que guarda as coisas que lhe dói.


Amanda Vieira