domingo, 14 de novembro de 2010

Peneira


Ela era uma mente cheia e um coração aparentemente vazio. Nada adiantava nada funcionava nada ali parava. Acontece que ele tinha um defeito, suas feridas não eram cicatrizadas, nem depois nem nunca.

Esquecer ela esquecia, mais os buracos ali ficavam, e era por ele que sentimentos vazavam como água numa peneira, por mais que a intenção fosse à das melhores, parecia ser da sua natureza ser assim.

Não era comum ouvir dizer que ela chorou, extravasou e se entregou. Porque em todas as situações independente do seu humor e estado de espírito ela estava sempre sem se abalar, com seus pés colados no chão.

Era pura e recatada. Para quem a visse de fora era como um anjo, uma imagem esculpida a mão. Vivia sua vida em busca de um destino, apesar deste já ter lhe sido apresentado, não parecia se agradar. Estava sempre tampando os buracos de seu coração com as mãos, não deixando transparecer o inevitável, tentando adiar o que um dia descobririam.

Fazia-se feliz com o pouco e não sabia distinguir o que era muito, na maioria das vezes era apenas bom. Acreditava em muitas coisas impossíveis varias vezes no dia, e desacreditava do que todo mundo costumava acreditar, não por ser comum, e sim incoerente, palavra da qual ela sabia muito entender e conviver. Desconhecia suas qualidades e até parecia modéstia, mas de seus defeitos ela sabia como ninguém, e os tratava como vizinhos que sempre chegam a nossa casa em horários inoportunos.

Passava mistério a quem quer que encontrasse, e admirava a coragem de quem se dispusesse a conhece-la.

Ela seus guarda segredos a sete chaves na mesma gavetinha que guarda as coisas que lhe dói.


Amanda Vieira

segunda-feira, 18 de outubro de 2010


Não pretendo te contar sobre minhas lutas mentais. Você terá nas mãos minha simplicidade e minha leveza, que podem não ser totalmente verdadeiras, mas foram criadas com muito carinho pra não assustar pessoas como você. Não vou ficar falando sobre a complexidade dos meus pensamentos, minha dualidade ou minhas dúvidas sobre qualquer sentimento do mundo. Vou te deixar com a melhor parte, porque eu sei que você merece. Guardo pra mim as crises de identidade e a vontade de sumir. Não vou dissertar sobre minhas fragilidades e minhas inseguranças. Talvez eu te diga algumas vezes sobre minha tristeza, mas só pra ganhar um pouquinho mais de carinho. Ofereço meu bom humor e minha paciência e você deve saber que esta não é uma oferta muito comum.

Se você tivesse chegado antes, eu não teria notado. Se demorasse um pouco mais, eu não teria esperado. Você anda acertando muita coisa, mesmo sem perceber. Você tem me ganhado nos detalhes e aposto que nem desconfia. Mas já que você chegou no momento certo, vou te pedir que fique. Mesmo que o futuro seja de incertezas, mesmo que não haja nada duradouro prescrito pra gente. Esse é um pedido egoísta, porque na verdade eu sei que se nada der realmente certo, vou ficar sem chão. Mas por outro lado, posso te fazer feliz também. É um risco. Eu pulo, se você me der a mão.

Você não precisa saber que eu choro porque me sinto pequena num mundo gigante. Nem que eu faço coisas estúpidas quando estou carente. Você nunca vai saber da minha mania de me expor em palavras, que eu escrevo o tempo todo, em qualquer lugar. Muito menos que eu estou escrevendo sobre você neste exato momento. E não pense que é falta de consideração eu dividir tanto de mim com tanta gente e excluir você dessa minha segunda vida, porque há duas maneiras de saber o que eu não digo sobre mim: lendo nas entrelinhas dos meus textos e olhando nos meus olhos. E a segunda opção ninguém mais tem.

Verônica H.

sábado, 9 de outubro de 2010

Nem hoje, nem depois


Me pegue pela mão e me diga

Que vai ficar tudo bem.

Me diga que dessa vez vai ser

tudo diferente, pra nós dois.

Diga que você não vai desistir de mim,

nem hoje, nem depois.

Prometa que mostrará que tudo vai ficar bem,

mesmo que não haja essa possibilidade.

Me mostre que tudo pode valer a pena,

E me faça acreditar que é possível sim

Ser feliz para sempre.

Não desista de mim, nem hoje, nem amanha.

Me faça ser uma pessoa melhor,

eu sei que posso ser.

Controle os meus sentimentos, já que não.

Consigo sozinha.

Não me deixe voltar no tempo, não me deixe repensar.

Muito menos me arrepender.

Sei que podemos ser felizes.

Não desista de mim então,

Nem hoje, nem depois...

Somos o sempre.


Amanda Vieira

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Frases soltas, palavras notáveis



Não sei se descrevo bem o que sinto, e muito menos se sinto o que descrevo.


Sei quando sou tudo e sei quando sou só a metade do que poderia ter sido.


Meus pensamentos vão a lugares em que eu não gostaria de estar, eles vão onde meu coração gostaria, em momentos em que nos dividimos, e nos tornamos um corpo vazio e um coração independente.


Ando por ai procurando motivos para tudo, tentando esconder meus medos e não me limitar. Ando tentando ser diferente, tentando ser convincente, tentando ser mais normal possível, ser o que não me é permitido, o que não é conveniente.


Faço cálculos de tudo, atraso momentos urgentes, e adio o inevitável.


Sou um baú de defeitos em busca de uma moeda de qualidade.


O que dizem ao meu respeito não costuma alterar muita coisa, não costuma doer lá dentro, alguns não chegam nem a tocar, já me vacinei e me protegi contra palavras duras, que não sejam as minhas.


Escrevo porque sei que só assim não me enlouqueço, porque escrevendo transbordo de confusão, me entendo, me aceito, me torno o que estou dizendo.


Amanda Vieira


“Também me surpreendo os olhos abertos para o espelho pálido, de que haja tanta coisa em mim além do conhecido, tanta coisa sempre silenciosa.”

'“‘ Na verdade ela sempre fora duas, a que sabia ligeiramente que era e a que era mesmo, profundamente.”

''Mas não procures entender-me, faze-me apenas companhia. Sei que tua mão me largaria, se soubesse a verdade. ''

(Clarice Lispector)

No sofá


Sente-se aqui vamos conversar. Conte pra mim como foi seu dia, conte como está a sua vida, sem a minha presença, sem a sua vida, seu o seu calor. Não se assuste ao me ouvir dizer essas coisas, eu sei muito bem o que represento, seus olhos me contaram um dia desses, seus olhos me contam sempre que ti vejo.

Sei que você mais do que tudo tenta fingir, sei que quando possível você mente pra mim, e para os outros, porque eu também faço. Mas isso tudo é em vão.

Aquela música sempre incomoda, o cheiro ti faz arrepiar, e as cenas românticas fazem brotar lágrimas nos seus olhos.

Músicas não incomodam por qualquer besteira, lágrimas não são alergia, nem cistos. Tristeza não é mal-estar é mal-estar, amar não é nostalgia. Assumir isso tudo não muda você.

E se não existir um amanha e se não houver outra chance, pra você, pra nós.

Assumir não muda você, assumir muda nós dois, muda tudo entre nós dois.

Amanda Vieira



Perdi o controle mais uma vez de mim, de você, de nós.
Me perdi no tempo, ti perdi no tempo e estou tentando nos encontrar, pra algumas pessoas é bem fácil, pra mim é frágil. Sim acho que essa é a palavra, isso defini esse amor, se é que isso é amor.
Não sei se ti busco no passado se ti procuro no presente ou ti espero para o futuro, ou se simplesmente fico aqui. Sei que as palavras não consertam muita coisa, se consertassem tudo já estaria em seu lugar.
Não sei se apareço, não sei se me oculto.
Não sei se ti deixo ir embora ou ti prendo aqui, nessa armadilha, nesse mistério, nessa confusão.
Não sei ao menos o que é recomeço e o que é apenas despedida.

Amanda Vieira

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

como sempre... você!


Ontem, minhas incertezas se tornaram maiores que as certezas, a loucura quis me dominar, meus medos e insegurança vieram à tona. As borboletas fizeram festa na minha barriga, os nós invadiram minha garganta. Meus olhos procuraram os seus, meu coração também, mas não encontraram. Não sei se essa seria a solução, ou a continuação de um problema, mas procurei, procurei sim, com a mesma fraqueza e intensidade de sempre. Mas alguma coisa sempre me diz que não é o suficiente. Na realidade não sei bem o significado dessa palavra s-u-f-i-c-i-e-n-t-e. Eu não costumo me satisfazer, me contentar, sempre to querendo algo mais, de mim, das pessoas, do mundo, e de você é claro. E quando não tenho me escondo numa espécie de casulo que criei, onde eu jogo com as palavras, me prendo em pensamentos e não solto coisas que eu mais gosto dentre elas você.

Eu deveria estar aqui falando de mim, unicamente, mas acontece que eu não consigo, acontece que eu travo, explodo, choro, grito, mas não adianta, você permanece aqui, e em tudo que fala e escrevo existe vestígios seus. Acho que agora é a hora de ti dar os parabéns, e a mim... Meus pêsames.


Amanda Vieira

quarta-feira, 25 de agosto de 2010


''Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.''

''É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo.''

''É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.''

Clarice Lispector

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

This is me


Sorte minha ter um coração meio esquecido pras coisas ruins, ele não costuma guardaro que o aflige, que o aperta, e o que o deixa difícil bater. Acho que de tantas coisas ruins que eu já absorvi sem falar nada, ele simplesmente se cansou e resolveu não lembrar mais.
Considerando todos os meus defeitos, acho que posso dizer que isso é uma qualidade, e digo. Apesar de ter uma grande cabeça dura, um desassossego guardado no bolso, e acredite não tenho medo nem precaução de usá-lo. Sou muito mesmo sendo tão pouco, sou tantas mesmo sendo uma. Não sou o que esperam de mim quase nunca, sempre causo uma segunda impressão, às vezes pro melhor outras vezes pra pior, prefiro pensar que na maioria das vezes seja pra melhor. Não gosto de abreviações, de palavras, de histórias e nem de romances, muito menos desses, gosto que tudo seja muito bem explicado, muito bem descrito, tintim por tintim, se possível com as melhores palavras possíveis. Não gosto de palavras repetidas, e nem que me expliquem duas vezes a mesma coisa pra que eu acredite melhor na minha capacidade de compreender.
E mais ainda, sinceramente, acho que todas as minhas manias e defeitos são uma forma não muito lucrativa de me ajustar no mundo, de provar para mim mesma que as pessoas podem ser melhores, que o mundo pode ser melhor, porque eu detesto admitir que isso é muito difícil.
Finalmente sou o tipo de garota, que busca seus finais felizes, que quer independência, e ordem no ''seu mundo’’.

Amanda Vieira

Corto assuntos chatos, sem pudor algum, mudo de assunto sem perceber, perco o foco e atenção por pouco, um minuto um barulho e desconcentro. Não me envergonho disso, já acostumei sou assim, algum motivo há de ter, nenhum que eu possa citar agora.

Adoro escrever sobre mim, falar sobre coisas que eu penso ser verdade, coisas que eu luto pra mudar e pra conviver, não que eu seja egocêntrica, não mesmo, estou longe, acredite, só acho que admitir certas coisas aqui, torna tudo realmente mais fácil, torna tudo mais interessante, como uma espécie de jogo. Gosto que as pessoas queiram me desvendar gosto que elas tentem fazer isso. Fujo do óbvio como o diabo da cruz. Alimento paixões mesmo sem qualquer interesse nelas. Faço coisas sem querer e acabo me julgando culpada, envergonhada.

Sou obsessiva em muitas coisas, é acho que sou. Tenho crises existências, quase sempre. Tenho uma imensa necessidade de respirar ares diferentes de tempo em tempo, pra ser bem sincera, em curto prazo.

Não vejo graça em ser a mesma pessoa todo dia, minhas mutações são consequências disso. Sou diferente por dentro e comum por fora, poucos sabem disso, poucos se interessam em saber. Não sei mais se isso me importa mais.


Amanda Vieira.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Remember


A louça de sempre quebrou, o CD favorito arranhou e não toca mais, o vestido de festa rasgou, o papel de carta amassou e de você não se sabe mais.Acho que faço parte das mesmas lembranças que todas essas coisas fazem.


Cansei de esconder o óbvio, você não está mais aqui, nós não estamos, isso dói, mas tem que ser dito.


Mesmo com todas as palavras que escrevo, você ficaria surpreso em saber que meus olhos dizem muito mais ao seu respeito, você entenderia isso se me olhasse outra vez.


Você já me venceu tantas vezes, então me deixa ti vencer agora? Só mais dessa vez...

Esqueça tudo que passou, porque eu esqueci.


Não quero ter que permanecer ali, só nas lembranças. Não sou como uma louça, um CD, um vestido muito menos um papel, sou de carne osso e de coração, que por sinal, ti quer aqui.



De novo.


"E então, ela costurou as suas asas quebradas, respirou fundo, fechou os olhos e se jogou... Ela estava numa altura absurda, mas não recuou em nenhum momento — ela já tinha adiado isso fazia tempo — e nem teve medo do que encontraria pela frente em seu caminho, um caminho sem promessas, dali em diante, mas com suavidade espalhada por todos os cantos. Ela só queria viver uma realidade tão bela quanto os seus mais doces sonhos. Não, ela não era nenhuma boba alienada, muito menos hipócrita, tinha os pés no chão, a cabeça dela é que voava muito... Era uma sonhadora!"

(Pérola Anjos)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Apenas mais uma de amor



Eu tentei, mas nunca consegui.
Me prendi na mesma temporada do meu seriado favorito que por acaso me lembra você.
Me comprometi a nunca mais ouvir aquela música que costumávamos dizer que era nossa. Tranquei tudo que você me deu em uma caixa, e coloquei no lugar mais inacessível do meu quarto pra que pelo menos a preguiça me impedisse de ir até lá.
Me forcei a fazer cara feia toda vez que escutava seu nome, mesmo que por dentro eu fosse explodir. Gravei e repeti pra mim várias vezes seus defeitos, as frases idiotas que você me dizia, só pra não querer ti ter por perto.
Bom com o tempo eu aprendi como conviver sem você, mas acontece que conviver pra mim nunca foi o suficiente, sempre quis muito mais que isso, sempre quis viver sem a sua sombra, sem os meus sintomas de você.
Conviver não é o que eu queria, porque alias o meu conviver é bem temporário, é só você me olhar, me telefonar e agir como o idiota de sempre, que eu logo me entrego, na verdade acho que a idiota sou eu. Sou tão vulnerável as suas oscilações, você não sabe o quanto.
Vou parar por aqui, antes que eu transforme esse texto em mais um texto romântico, porque é sempre isso que eu faço.
Um dia viverei sem você e quando esse dia chegar eu aviso.

Amanda Vieira

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Bem vinda, dona razão.


Meu coração é irritante, meu ponto de vista duvidoso, e ultimamente tenho sido tomada por ondas de razão. Eu não quis, simplesmente aconteceu. Não me lembro quando, não me lembro onde, só foi.
Não me compadeço mais por pessoas que tomaram certas escolhas na vida, não choro por romances acabados, e não são todas as cenas de amor que me emocionam.
Descobri que a vida nos oferece opções cada um vai pela que quer, e na maioria das vezes insistem em chorar pelos erros que cometeram, chega disso, quero que pensem em quem não teve opção, que as coisas só aconteceram.
Choro por romances inacabados, por desencontros da vida, desses sim eu entendo. A palavra acabar quer dizer fim, fim pode te dar um recomeço, inacabado não, a única opção é acabar, e isso nem sempre é a solução.
E o mais importante, descobri que o ser humano, pode fingir emoções, podem acobertar o que sentem, prefiro me apaixonar por canções, por poemas e por textos, mesmos que sejam breves descrevem o que a alma está transbordando, e isso sim vale a pena.

Amanda Vieira